Moleque de Periferia

Introdução:

Como toda favela é correria, tem precisão e trabalho.

Eu estava ali, trabalhando num estacionamento, quando apareceram duas mulheres, conversando, fofocando e se divertindo. Dali a pouco, chegam duas crianças e uma delas dá um real na mão da sua mãe. Quando ela vê o dinheiro, diz – “Só um real???” – e começa a dar cascudo na cabeça do menino, forte, mas forte mesmo! E ele grita – “Mãe, tá doendo! Para! Para!” Eu presenciei toda essa cena, caminhei para o lado dele e olhei, frente a frente.

Aí, então, eu vi o rosto do menino, com aquela cara de gente sofrida da favela como eu sou. E quem conhece a minha humildade, imagina como eu fiquei atacado de raiva de ver tal cena. Deu muita dó, mas muita dó mesmo de ver aquele moleque de periferia, pois, pelo seu olhar, eu tive inspiração para escrever esta composição.

>>> Silzinho do Rap – Moleque de Periferia:

Tá  vendo aquele moleque?

Tem um grande coração, registrado.

Periferia, ele é sangue bom!

Seu sofrimento não o abalou.

Sobreviveu com as migalhas, muita miséria e fome,

Só Deus sabe o que ele já passou.

Pra começar, quando nasceu não teve um pai para lhe ensinar,

Ficou entregue à favela e ao mundo para lhe criar.

Mas as maldades ele vai raciocinar, porque é assim,

Ele é ligeiro e esse dom foi Deus quem deu porque você suportou!

É só pensar, que você não é o primeiro

E é por isso que Deus te fez inteiro.

Pra ser esperto e se livrar das maldades que o inimigo vai te jogar.

E com certeza, se está vivo, você vai encontrar.

Se é do fundão, é da favela, não precisa se preocupar!

A sua mãe, uma mulher qualquer!

Ela nunca se importou, ficava em baladas,

Sempre chegando de madrugada, sem caráter, desnorteada.

Só não vê que essa sua vida não está com nada

E que vai acabar um dia só.

E do seu filho não teve dó.

Moleque esperto, mas ainda é menor,

Com sua fé em Deus, nunca vai estar só.

Mas tudo bem! Eu estou vivo, sobrevivi.

E por isso eu cresci e a favela me ajudou a não morrer.

Quando ele acorda, ele não quer levantar.

Porque o pão que era de lei, na sua mesa ele não vai encontrar.

Um novo dia para se humilhar.

Quando ele acorda, ele não quer levantar.

Moleque de periferia, toda manhã tem sua missão.

Acorda com fome e não tem nem um pão,

Ai que dó no coração!

Estar perto dos irmãos e conviver na mesma situação.

Só a sua fé te faz vencer e, por isso,

vai ter espaço para crescer.

Moleque esperto, desde cedo fazia arte.

Aí então veio o trabalho, o seu primeiro e foi engraxate.

Já começou sua correria, saía cedo,

Ele ralava todo dia

E tinha o mineiro lá da quitanda

Que reconheceu o seu progresso.

Chegou a hora e chamou ele:

– Aí, moleque, vou dar um emprego pra você!

Aí então, já melhorou seu bem-estar.

Se vê alguém passando fome, com seu trabalho,

ele tem dinheiro para ajudar.

Moleque esperto, generoso, estende a mão sem hesitar.

E foi assim, a sua história, com muita luta ele ganhou!

Sua vitória, ele não sabia, mas Deus esteve sempre ao seu lado.

Hoje ele está bem e tem uma rede de mercado.

Confira o Clipe Oficial da Música:

Autor:  Alvaci Ferro – “Silzinho do RAP” ou “Tiozinho do Rap“.

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