Mar enfurecido
Eu não vi
a tarde nos deixar
… e a noite já chegou
– fria, muito fria,
sem luzeiros no céu.
Apenas nuvens esparsas,
altas, muito altas
reveem um tempo atrás
– quando as montanhas caíam
desesperadas no mar enfurecido,
pelo nevoeiro de inverno.
O Mar do Norte avançou
pelos regaços da praia,
que se alongava em quilômetros
(não medidos em horas,
mas andamos muito perto
de pequenos vilarejos, sem destino)
atordoados pela ressaca…
– Uma noite adentrava os pensamentos
e na escrivaninha de madeira envelhecida
livros se acumulavam,
aguardando seus momentos
para a leitura minuciosa.
O vidro se embaçava
da respiração de muitos marujos,
lá fora era só negridão.
Um farol projetava sua luz
avisando o que havia à sua frente.
O mar ainda se inquietava.
Os marujos, cansados, gostariam de aportar…
e deixar em terra seus lamentos,
infortúnios de noites e dias distantes
do aconchego do lar.
Autora: Marcela de Baumont
Ficha técnica de Marcela de Baumont:
Formada em 1976, pela UFRGS, na Faculdade de Comunicação Social, é bacharel em Jornalismo, Relações Públicas, Propaganda e Publicidade. Exerce a atividade de revisora desde a faculdade, na Editora e Gráfica da UFRGS, e também para escritores de livros e revistas em áreas diversas. Como revisora em Propaganda, tem trabalhado para importantes clientes: Giovanni+DraftFCB, Wunderman, Grey, Publicis, Africa, MPM. Seu passatempo favorito é ler um bom livro e escrever suas poesias.