No Metrô
As horas arranham o dia
que não passa, que se arrasta,
Fica marcando intervalo,
E não vem o fim da tarde.
Que lentidão, quanto marasmo
Em meio à linha do metrô.
Vagão após vagão lentamente
Saem da plataforma dolentes.
Depois o som é estridente,
Luzes poucas, ar pesado,
Faltam lugares marcados,
Os corrimões estão enferrujados.
Gente que entra, gente que sai,
Todos apressados e cansados,
Querendo afastar do olhar
O peso da noite não descansada.
A locomotiva dissipa atrasos,
No canto, uma esquina encosta.
São tantos andantes malcuidados,
São tantas as pressões pela vida.
As horas arranham o dia
Que não passa, que se arrasta.
Mulheres carregam seus filhos,
Homens se atravessam arqueados.
E os velhos se desgastam
A cada estação em que descem.
Lançam um olhar perdido
E não veem o fim da tarde.
Autora: Marcela de Baumont
Ficha técnica de Marcela de Baumont:
Formada em 1976, pela UFRGS, na Faculdade de Comunicação Social, é bacharel em Jornalismo, Relações Públicas, Propaganda e Publicidade. Exerce a atividade de revisora desde a faculdade, na Editora e Gráfica da UFRGS, e também para escritores de livros e revistas em áreas diversas. Como revisora em Propaganda, tem trabalhado para importantes clientes: Giovanni+DraftFCB, Wunderman, Grey, Publicis, Africa, MPM. Seu passatempo favorito é ler um bom livro e escrever suas poesias.