Minhas memórias

Minhas memórias

O sol escondido na cortina se tinge de azul, de verde, de laranja. Desliza sobre as flores e segue até o horizonte. Meus olhos o acompanham por detrás das persianas – paralisadas com o nevoeiro. De súbito lembro-me da cafeteira levantando fervura. Procuro retalhos de couro, reviro gavetas, armários, esvazio a prateleira de livros. Começo a distribuí-los enfileirados como caminho de encanto. Encontro histórias fantásticas de gigantes em terras distantes, sempre em busca de suas…

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Perfume no ar

Perfume no ar

Quando a flor encanta o ar, seu aroma invade a rua, a alameda, as casas… Há uma renovação de alegria misturada à vertigem do perfume. Ebriamente todos ficamos no enlevo dessa virtude. O sombrear do sol levemente se aproxima das árvores e somos acalentados pelo frescor. A tarde debruça sua face na terra e lentamente um sereno cai sobre as pálpebras da praia. Nosso fôlego esboça seu pulsar e longamente nos deleitamos sobre as vagas…

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Valsinha

Valsinha

Cheiro verde Cheiro de grama Meu coração não me abandona. Vejo a rua Descendo pela colina Meu coração flutua como andorinha. O sol brilhante A luz de contraste e alucinante Me faz parar e viver extasiante. O perfume das flores Está no ar e é doce e suave Como o mel das felizes abelhinhas. As árvores dançam No fugaz instante de alegria A rua esboça seus passos de menininha. Autora: Marcela de Baumont Ficha técnica…

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Fim da favela

Fim da favela

A pobreza se confunde com a tristeza… o dia cinzento abrigou a fumaça e as pequenas casas da encosta se queimaram. Lentamente começou o fogo. Veio o vento de sobressalto e alvoroçou tudo. E minuto após minuto se consumiam as habitações. Adultos e crianças fugiam ou tentavam salvar o que poderiam guardar de lembrança… poucos objetos retirados às pressas, incessantemente. A rua se tornou em lamento da dor. Não havia mais lugar para o riso…

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Consolação

Consolação

Quando a chuva já não cai no telhado, Ou o sol se turva no horizonte. Quando as matas são dominadas pelo fogo, Ou as aves deixam de migrar. Quando a terra seca e racha na ardência, Ou os peixes apodrecem nos riachos. Quando a luz se ofusca entre as paredes, Ou o silêncio invade a alma. Quando as horas nos esgotam o fôlego, Ou nos sentimos perdidos e maltratados. Quando tudo ao redor nos parece…

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Balaio de tramas

Balaio de tramas

Na fila da ingratidão, Estão a inveja e a mentira, Bem acomodadas com seus falsos sorrisos, Olham de soslaio, ficam cochichando, Marcando a hora de encontrarem Com a malícia. De quebra, talvez, convidem A covardia, o enganoso e a intriga, Cada qual poderá participar do evento E levar um comparsa, Mas que seja conivente com suas trapaças, Artimanhas, engodos e infâmias. A fila se avoluma com a multidão Dos maus agouros, carregando sua mediocridade Debaixo…

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A fada do sono

A fada do sono

O rio desce a encosta e cantarola sobre as pedras. Folhas desse outono dourado trilham lentamente no orvalho. A luminosidade nasce no alto, por detrás das montanhas, onde as fadas da floresta dançam. Os alísios insistem a vagar, entre um lugar e outro, oferecem frescor, umidade, por vezes calmarias. E a fada do sono desperta, toda coberta de minúsculos polens – desliza encantada pelo lago e valsa contente e enamorada. Autora: Marcela de Baumont Ficha…

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Amanhecer

Amanhecer

Uma clareira vem do meio da mata É a luz de uma cabana antiga Com portas rústicas e cansadas O ranger do assoalho se consagra A cada passo, a cada instante Na névoa lá fora nada se vê Tudo fica embriagado Com o sublime vento parado A estrada se estreita entre as árvores Que são agrupadas em um bosque Fogem as folhas de seus galhos E deitam-se ao pé dos montes O frio que chega…

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Avós e netos

Avós e netos

Dizer que netos são filhos com açúcar é muito pouco. Netos são doces encantos, são canção, são as delícias para os olhos dos avós. Netos são encomendas bem-vindas, a qualquer hora, em todo lugar. Não tem preguiça, não tem doença, os avós arranjam um jeito novo de ficarem nos trinques, zero-bala. Pois quem é avô ou avó reconhece que apesar da distância na idade, o que vale mesmo é ficar perto, sentir aquele cheirinho especial…

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Memórias

Memórias

Não premedito, não complico, atravesso a ar com leveza. Desfaço o erro em busca do acerto. Componho em letras alguns sonhos. Da fluidez dos pensamentos levo gestos combinados. Sem desespero, sem mutação, apelo aos chamamentos. Sombra, luz, luz e sombra, o ar está inebriado. Letras que rabisco na memória do passado. Nem dias, nem noites, apenas a alma alerta, convulsivamente ajuizada. Sonhos em cada lembrança. Não transgrido, não oprimo. Conservo a alegria na brisa do…

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