Amanhecer sem alegria

Amanhecer sem alegria

Como é fácil gostar de quem está longe e dedicar-lhe atenção e desejo. Difícil é o dia a dia, das aflições, das tristezas, das poucas horas de trégua entre o orvalho e o mar. Não é doce esse amanhecer. E um fino rio de distância se alonga entre as paredes do mesmo sangue que poderia nos unir. Deixar de rever esses pequenos lagos sem os sonhos de ontem, quando as vigas da saudade ruíram e…

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Flores

Flores

Gosto de me acalentar nos jardins onde posso sentir o romance dos cravos, o frescor das hortênsias, a pureza dos narcisos, a soberania das rosas matizadas. Ver as gérberas florirem na primavera, os lírios perfumarem as alamedas no verão, as gardênias desfilarem no outono e as tulipas nos deslumbrarem no inverno. E em cada cor de pétala poder acariciar seu formato, em forma de leque ou de coração, preenchendo os recantos com toda a sua…

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Menina

Menina

Suas mãos pequenas e macias são como morangos tenros… tão viçosos e perfumados. Ao acariciar meu rosto barbudo, tenho a sensação de uma brisa na suavidade da manhã. Quando vejo seus olhos interrogativos, sei que há ternura e indagação em busca de novos descobrimentos. Autora: Marcela de Baumont Ficha técnica de Marcela de Baumont: Formada em 1976, pela UFRGS, na Faculdade de Comunicação Social, é bacharel em Jornalismo, Relações Públicas, Propaganda e Publicidade. Exerce a…

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Abandonada

Abandonada

Ela desfolhou, sentiu frio, sentiu dor, desfigurou-se e não resistiu. Morreu na calçada, feia, suja, sem jeito, desconcertada. – Mas morreu de quê? De maus cuidados! Autora: Marcela de Baumont Ficha técnica de Marcela de Baumont: Formada em 1976, pela UFRGS, na Faculdade de Comunicação Social, é bacharel em Jornalismo, Relações Públicas, Propaganda e Publicidade. Exerce a atividade de revisora desde a faculdade, na Editora e Gráfica da UFRGS, e também para escritores de livros…

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Cidade

Cidade

São as ruas que fartam meu olhar em meio a toda a agitação do dia. Calçadas mal traçadas em losangos, jardins com chafarizes multicoloridos. Os prédios se banham no rio, os reflexos se escondem em nuvens. Movimentos que vão e que vêm, passos largos ao atravessar a rua. Entre tantos momentos, afina-se o sorriso de pequenos meninos voltando da escola. Buzinas despertam gatos em sacadas, mangueiras se estendem sobre os canteiros. Debaixo das marquises há…

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Meu silêncio

Meu silêncio

Eu olho este mar de nuvens e vivencio a sensação do silêncio. Penhascos cinzentos, grandes alturas, perenes momentos. Sons no extremo da terra, luzes desbotadas alinhadas… Um fraco vento transitório, uma pequena lembrança escondida, um fragmento de entalhes coloridos. Na poeira dos pensamentos, contrastes, rumores, solidão. Falsas sustentações em desequilíbrio, uma grande comoção, um aviso. O silêncio vem, nubla o dia. As nuvens se condensam e desfalecem. Autora: Marcela de Baumont Ficha técnica de Marcela…

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Quintal de cores

Quintal de cores

Meu limoeiro floresceu carregado de saudade. A roseira sussurrou seu encanto de amores. A laranjeira desfolhou-se em seus momentos de alegria. Minha jabuticabeira cochichou os segredos de sua beleza. E os jacintos destilaram seu perfume por todo o jardim. Autora: Marcela de Baumont Ficha técnica de Marcela de Baumont: Formada em 1976, pela UFRGS, na Faculdade de Comunicação Social, é bacharel em Jornalismo, Relações Públicas, Propaganda e Publicidade. Exerce a atividade de revisora desde a…

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O velho trapiche

O velho trapiche

Ancorado na lagoa, deita suas tábuas na água… Um fim de tarde, o sol sumindo. O trapiche vestido de rusticidade, pensante do mesmo caminho entre as ruínas do porto. A chuva chega… O vento varre as estacas fincadas ao leito. Os pescadores se foram. Os peixes descansam. Uma névoa toca a areia. O velho trapiche range seus anos. Autora: Marcela de Baumont Ficha técnica de Marcela de Baumont: Formada em 1976, pela UFRGS, na Faculdade…

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O beijo

O beijo

um beijo te dei – escondido, sorrateiro – tu nem percebeste – estavas sonolenta – fui até o sofá – repousavas quieta – percebi que eras linda – vestias lese branco – tuas pálpebras cerradas – sonhavas, deveras – teus lábios cor de carmim – sem pintura, naturais – expressivos e indeléveis – surpreendi teu sono – debrucei-me e te beijei – assustada acordaste – e sem que eu planejasse sorriste para mim! Autora: Marcela…

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A dama do retrato

A dama do retrato

O bronze da sepultura não a classifica: Deixa de mostrar sua pura beleza, Seus olhos azuis cristalinos, Seu sorriso ternamente moldado. Viveu com toda a simplicidade, Sonhou como princesa. Era entre todas a mais sincera, Não guardava rancor. E vendo seu retrato na parede Era como estar a seu lado ainda, E sentindo seu suave perfume De rosas mescladas a lírios e jasmins. Uma profunda sensação fica no ar, Lembrando de seu jeito feliz, De…

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