Nós, os homens

Nós, os homens

Somos autodestrutivos Perdemos a noção do bem Procuramos realizar grandes obras Mas terminamos de dizimar vidas Das árvores, dos animais, dos homens Desencadeamos ao nosso redor Horror e fobia, tristeza e devastação Criamos um círculo de abandono Por onde passamos e continuamos Semeando a discórdia e os conflitos Nosso coração está endurecido, frio Nossa mente volta-se ao egoísmo Porque não temos tempo para o outro Porque nossa ganância atingiu o ápice Porque há ferocidade em…

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Para Lorena

Para Lorena

Em seu terceiro ano de vida Quando você veio para nós, Um novo tempo se abriu: Esquecemos nossos problemas, Deixamos de lado nosso egoísmo, E ficamos encantados, mais e mais. Você tão pequena, tão frágil, Em seu pequeno ninho distante De todos nós. Quanta falta nos fazia Ficar mais perto de você, Vê-la acordar a cada manhã, Saber que seu coraçãozinho batia, Perceber suas mais tenras necessidades. Essa espera foi longa e dolorida, Apertando fundo,…

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Portão no inverno

Portão no inverno

Olho com olhar fino entre as grades do portão: Meu primeiro passeio vagueia entre as réstias de sol. Esse sol pequeno, de inverno, nem faz aquecer meu leito. O quarto se fecha cinzento como o ar de julho, matreiro. E minhas mãos empalidecidas mal tocam o metal e se congelam como um paradoxo de tarde, como uma inspiração teatral. O portão de tão lato está rachado e mal consegue suportar a gélida garoa a se…

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O sentir do poeta

O sentir do poeta

Não gosto de frasear correndo, Com o pensamento no dedo E a caneta no travesseiro. Prefiro espremer a memória, Destilar a essência, a glória, Consumir litros e quilos de ideias, Não ficar marcada na prateleira. Eis que um som ondulado Faz sua morada na minha imaginação, E assim vai dançando, Percorrendo sonetos, poesias e poemas. O sentido pode não estar claro – clara mesmo é a luz difusa No fim do saber, do compreender. Faz…

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O menino e o livro

O menino e o livro

Deixaram poemas ao léu, largaram horas perdidas atrás de lembranças passadas. Depois quiseram voltar. O dia calou em negrito e recolheu-se altivo e sossegado. Não puderam notar os tons descendentes de um novo poente. Era o momento de êxtase. Em fora, reinava a paz, o silêncio tomou conta de tudo, o vento parou de soprar. Ao longe, um menino lia um livro, histórias – de outros meninos – criadas com o desejo de mostrar o…

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O lamento da rua

O lamento da rua

A rua esconde seu sorriso e se sente traída: perdeu o meio-fio pintado de cal. Deram passagem às marretas, às escavadeiras e aos guindastes. Sem entender toda a trama, a rua se inquieta e lamenta – suspira fundo de se ter dó. Suas companheiras frondosas desalinhadas percebem que vão ficar órfãs de pai, de mãe, de amiga. Será um luto malquerido, desses sem caixão nem defunto. Choro vai acontecer, quem sabe dos céus, que se…

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O que somos?

O que somos?

Somos folhas, somos flores, somos restos de terra, chão lavado pelo rio, somos extremos no horizonte? Do que somos formados, com que formas tão diversas? Somos seres dispersos no imenso gelo da palidez, em que vão tantos anseios e reflexos de horas a fio deslizantes entre a fronteira do céu. Somos pequenos e numerosos, voláteis, etéreos, incógnitos, vestidos da névoa do tempo. Temos emoção e lucidez entre os meio-termos da precisão. Vivemos vibrantes na imensidão…

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Estrada

Estrada

Esta estrada que me cerca É uma floresta sem fim, A ponta do iceberg, Um vaso cheio de jasmins. Está bem diante de meus passos, Onde árvores se defrontam uma a uma E com seus galhos imensos Fecham em copa esta estrada. Galhos retorcidos, envelhecidos, Uma harmonia pitoresca, dantesca. Esta estrada que me rodeia Faz-me sentir meio alheia. Ela se estira pelo outeiro. Suportando folhas, flores e frutos. Quando passa por ela a ventarada, Coloca…

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